domingo, 1 de março de 2009

O Maniqueísmo

Segundo o dicionário Aurélio: Maniqueísmo. [De Maniqueu + -ismo.] S. m. 1. Filos. Doutrina do persa Mani ou Manes (séc. III), sobre a qual se criou uma seita religiosa que teve adeptos na Índia, China, África, Itália e S. da Espanha, e segundo a qual o Universo foi criado e é dominado por dois princípios antagônicos e irredutíveis: Deus ou o bem absoluto, e o mal absoluto ou o Diabo.

A evolução de qualquer ser humano em todos os tempos e culturas evolui do mais simples para o mais complexo pensamento filosófico, por estarmos envolvidos com a lei do progresso, evoluindo nossa capacidade de raciocínio, tentando harmonizar a convivência com as diferenças de cultura, religião e raça. As atitudes contrárias às religiões sempre foram tidas como forças demoníacas, mas os religiosos dogmáticos desconhecem que o mal é fruto da imperfeição do Ser humano, e se a pessoa erra, é por que encontra-se num estágio de aprendizado. Na antiguidade, o demônio nada tinha a ver com o diabo, era um ser inspirador ou era quem vetava as más atitudes. Sócrates, no séc. V antes de Cristo, dizia que o daimon o guiava ao bem e vetava suas tendências mal pensadas. Só mais tarde é que interesses mais políticos que religiosos, fizeram acontecer a fusão do demônio como o diabo, satã, etc...

O Maniqueísmo é uma forma religiosa de pensar, não como religião propriamente dita, mas como um dogma nas religiões formais e seitas. É um pensamento muito simplista, pois as pessoas aceitam essa idéia pequena sem mesmo se aprofundar no assunto para saber sua origem, com isso, dividem o universo em dois: o do Bem e o do Mal. O Bem (luz) e o Mal (trevas) como entidades antagônicas em perpétua luta. Luz e trevas no sistema maniqueísta não são figuras retóricas, são representações concretas. Reduz a vida a pares antagônicos irreconciliáveis, tipo: direita/esquerda, branco/negro, fiél/infiel. Aceitar que o Reino da Luz e o Reino das Trevas estão em permanente conflito, é afirmar que o Criador não teve outra saída senão ficar de briguinha com o diabo eternamente. É evidente que não se pode deixar de reconhecer a existência daquilo que cada um desses pares representa, mas o pensamento maniqueísta vai além da medida em que considera que um lado deve destruir o outro, porque um é Luz e o outro Trevas".

Os registros históricos mostram este dualismo proveniente da religião dos persas. Zoroastro ou Zaratustra influenciou sobremaneira o judaísmo. No Zoroastrismo, existe o Deus supremo “Ahura-Mazda” que sofre a oposição de “Angra Mainyu”, ou “Ahriman”, ‘o espírito mau’. Zoroastro foi um dos mais antigos profetas a ensinar o triunfo final do bem sobre o mal, no fim, haverá punição para os maus, e recompensa para os bons. Com isso, os judeus aprenderam a crença em um “Ahriman”, um diabo pessoal, que, em hebraico, eles chamaram de ‘Satanás’, que é um adjetivo em hebraico, e que dizer “acusador” ou “adversário”, não um ser real. Com base nessa idéia de que se existia o Deus do bem e o deus do mal, acreditaram que Satã andava pela terra para destruir a obra de Jeová, e Satã foi aceito no ano de 331Ac, portanto, Satanás não passa de uma crendice do paganismo persa.




Com isso o Cristianismo acabou herdando a crença mitológica de Satanás e muitos acreditam que todas as coisas ruins que acontecem é culpa do diabo, não se dando conta que as más atitudes são consequências das imperfeições morais, por seremos espíritos imperfeitos em fase de aprendizado na jornada evolutiva terrena.


Por Deus ser o criador do mundo e de tudo o que existe, não quer dizer que seja o criador do mal. Para tanto, as religiões dogmáticas elaboraram uma série de raciocínios sobre a demonologia, ou seja, o tratado sobre o diabo. A lógica e os ensinamentos espíritas apontam-nos, porém, para a existência de um único Deus, que é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Como um de seus atributos é ser infinitamente bom, Ele não poderia conter a mais insignificante parcela do mal. Assim, Dele não pode provir a origem do mal.


É muito difícil para uma igreja que durante séculos pregou como verdade a existência do diabo, de uma hora para outra desmentir tudo. Imagine como os fiéis se sentirão? Enganados, não é mesmo? Exato, é por isso mesmo que os líderes cristãos não dizem a verdade, pois causariam uma crise muito grave dentro da sua instituição, além de perderem inúmeros fieis devido a falta de sinceridade.


O Espiritismo longe de aceitar essas mitologias, sabe que todos os espíritos são criados simples e ignorantes, com as sucessivas encarnações vão trilhando pelo aprendizado moral e intelectual, um ser que pratica o mal está numa fase evolutiva muito rudimentar, cultivando o ódio e a perversidade, portanto, o mal tem o como origem a falta de evolução espiritual, e como resultante os atos praticados. Na medida em que o espírito progride, vai deixando de praticar o mal passando a praticar o bem, pois o instinto animal não mais predomina no seu imo, dando lugar à fraternidade, compreensão e altruísmo. O espírito desencarnado conserva suas tendências, sejam elas boas ou más, pois a consciência é mantida. Da mesma forma que o frio e a ausência do calor, a treva é a ausência de luz, o mal é a ausência do bem, logo, o mal não existe em essência, mas é um estado temporário que em o espírito vive até chegar a fase da conscientização das leis de Deus. Portanto a origem do bem é Deus e a do mal é a conseqüência das imperfeições humanas. Allan Kardec disse: "Se o homem se conformasse rigorosamente com as leis divinas, não há duvidar de que se pouparia aos mais agudos males e viveria ditoso na Terra".

Um comentário:

  1. Excelente Luciano! Você explicou tudo com muita clareza e mostrou como o Espiritismo sem usar de mitologias explica muito bem que a origem do mal é a falta de evolução espiritual dos espíritos, pois todos foram criados simples e ignorantes e necessariamente passarão por sucessivas encarnações para o aprendizado moral e intelectual, pois o mal tem como origem a falta de evolução espiritual. Abraços, Lúcia

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