Bíblia versus teologia

Vamos tomar como exemplo a construção de uma casa, se ela não tiver um bom alicerce as paredes começam a trincar e não adianta querer consertar, pois a causa está na base e não nas paredes. Um outro exemplo é o motor, com várias engrenagens, se apenas uma única engrenagem der defeito compromete todo o sistema mecânico. As religiões funcionam da mesma forma, são sistemas de crenças e foram erigidas em cima de interpretações falsas, e quando uma coisa começa errada vai errada até o fim. As pessoas se acomodaram com seu sistema de regras religiosas e nem mesmo pararam para pensar se deveriam aceitar tudo ou apenas uma parte do sistema como verdade. Quando afirmamos que as religiões pararam no tempo, é porque estão cheias de falhas e se tentarem consertar essas falhas perderão muitos fiéis, pois eles foram induzidos desde o começo a aceitar tudo por verdade, e a decepção seria tão grande quando soubessem de que nem tudo é verdadeiro que acabariam abandonando a própria religião, ou simplesmente não aceitariam a mudança, indo para outra instituição.

Nas correntes de fé cristã, percebemos algo interessante. Na Bíblia está escrito uma coisa, mas as instituições pregam outra completamente diferente. Partiremos de um principio básico de lógica. Segundo o ponto de vista da maioria cristã as premissas abaixo são válidas.

1) A Bíblia é a “Palavra de Deus”

2) A Bíblia é inerrante


PRIMEIRA ANÁLISE

Sabemos pelas Escrituras, que o povo hebreu fazia consultas com os espíritos dos mortos, tanto é fato, que o legislador hebreu, Moisés, fez a seguinte proibição:

Nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos a verdade (Dt 18,11)

Partindo das premissas válidas, se Moisés proibiu os espíritos de se comunicarem era porque acreditavam que eles poderiam se manifestar, pois ele não poderia proibir uma prática se não existisse, provando a Bíblia, a crença muito antiga de que os mortos estão conscientes e se comunicam. Além da crença de que os espíritos poderiam revelar a verdade, segundo próprio texto, pois usamos a Bíblia traduzida pelo Pe. Antonio Pereira de Figueiredo.
Mas se argumentarem que não foram os mortos, mas os demônios, então uma das premissas é falsa, pois a citação é literal, “consulte os mortos” e não “consulte os demônios”. Se há erro de tradução nesta passagem, pode haver em muitas outras, deixando de ser a Bíblia um livro inerrante, concomitantemente, traduzida de acordo com a conveniência de cada credo.

SEGUNDA ANÁLISE


Nossa segunda análise tem como personagem principal o espírito mais iluminado que já existiu na terra, Jesus, com toda sua autoridade veio fazer cumprir a lei de Deus. No livro de Mateus Jesus conversa com Moisés e Elias no monte Tabor na presença de João, Pedro e Tiago, testemunhas oculares do fenômeno.

Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte, 2 E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. 3 E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. 4 E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias. 5 E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o. 6 E os discípulos, ouvindo isto, caíram sobre os seus rostos, e tiveram grande medo. 7 E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes, e disse: Levantai-vos, e não tenhais medo. 8 E, erguendo eles os olhos, ninguém viram senão unicamente a Jesus(Mt 17:1-3)

Se Deus que enviou Jesus, é obvio que sabia muito bem o que ele poderia ou não fazer, de duas uma: Ou ele desobedeceu a ordem divina e falou com os mortos, ou essa ordem não é de Deus, mas de Moises com fins disciplinares. Se a ordem era de Deus, Jesus deveria ter dado o exemplo, pois sendo ele enviado pelo Pai, não iria contrariá-Lo.
A Bíblia narra claramente que foi Moisés e Elias que conversaram com Jesus depois de mortos; ou a citação não é verdadeira, colocando em Xeque outra vez a inerrância bíblica, ou é verdade que os espíritos dos mortos podem se comunicar. Mas se argumentarem que Elias não morreu, mas foi arrebatado, Moisés não foi arrebatado, morreu mesmo. Então, na pior das hipóteses, Jesus e Moisés se comunicaram.

Assim morreu ali Moisés, servo do SENHOR, na terra de Moabe, conforme a palavra do SENHOR. 6 E o sepultou num vale, na terra de Moabe, em frente de Bete-Peor; e ninguém soube até hoje o lugar da sua sepultura ( Dt 34,5)

Se Elias não morreu, mas foi arrebatado de corpo e alma, então deve ser aceito como fato que ele se comunicou através de um desdobramento, comprovando que o espírito durante o sono também pode se comunicar. Por outro lado, se Elias foi para o mundo espiritual, como explicar isso se o apostolo Paulo afirmou o contrário;

"E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção." (I Cor 15,50)

A carne herda ou não herda o reino dos céus? E como explicar que um corpo físico possa viver na dimensão espiritual, se um corpo orgânico só pode se manter com elementos orgânicos?
Dentro desse raciocínio lógico com base nas premissas válidas, como admitir que não exista contradições com o que está escrito?

TERCEIRA ANÁLISE


Temos como pano de fundo a passagem onde narra a morte de Lázaro. Não entraremos no mérito se ele morreu de fato ou não, pois não é este o escopo do estudo. A analise gira sob prisma de os mortos poderem se comunicar ou não.

11 Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono.12 Disseram, pois, os seus discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo.13 Mas Jesus dizia isto da sua morte; eles, porém, cuidavam que falava do repouso do sono.14 Então Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto; 15 E folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para que acrediteis; mas vamos ter com ele. (...) 43 E, tendo dito isto, clamou com grande voz: Lázaro, sai para fora. 44 E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir.

Se Lázaro morreu e Jesus disse “Lázaro, sai para fora”, a pergunta é: Jesus falou com um morto ou com um vivo?

Se responderem que foi com um vivo, então a narrativa é falsa, logo, não pode ser a “palavra de Deus”, derrubando a idéia de inerrância. Mas se admitirem que foi com um morto, como podem afirmar que os mortos não podem ouvir?

Perceberam como pregam algo muito diferente do que está escrito? Perguntamos: Essas crenças merecem credibilidade? Responda a leitor.