Muitos cristãos, ingenuamente, acreditam que Jesus morreu para nos salvar e que seu sangue lavou todos os pecados de nossa alma, entendendo-se aqui o “nossa” como a raça humana. A lógica e o raciocínio espírita não podem aceitar tal crença, pois sabemos que isso é herança do judaísmo, onde realizavam sacrifícios de animais acreditando que seu sangue aplacaria a ira de Jeová, tal e qual a maioria dos povos ditos pagãos.
Se a morte de Jesus fosse para redimir a humanidade dos pecados, o mundo deveria estar sem eles: ademais, onde está o resultado prático dessa morte que não se viu até hoje? É evidente que a imolação de uma vítima inocente é um legado deixado a nós pelos povos antigos, mais próximos da barbárie. A própria Bíblia desmente essa absurda crença; “é impossível eliminar os pecados com o sangue de touros e bodes” (Hb 10,4) e mais: “depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não há sacrifícios que possam tirar nossos pecados” (Hb 10,26). Jesus sabendo que isso aconteceria ainda preveniu os apóstolos; “vai chegar a hora em que alguém, ao matar vocês, pensará que está fazendo um sacrifício a Deus” (Jo 16,2), mas de nada adiantou o aviso, pois até hoje essa crença continua sendo cultuada, mesmo com a reprovação Dele. Um pecado não pode redimir um outro, que é o fato de se imolar um ser humano. Jesus não poderia salvar-nos dos pecados se nem pertencíamos à humanidade de sua época, muito menos perdoar pecados que não foram cometidos.
O Espiritismo segue as leis morais que constam no Evangelho, não as influências culturais, pois sabemos que “a cada um será dado segundo suas obras” (Mt 16,27) e não há animal nem ninguém para saldar nossas dívidas a não ser nós mesmos, “pois seremos julgados pelos nossos próprios atos”, sejam eles bons ou maus. Isto nos é confirmado em “II Coríntios 5,10”, ou seja: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal.” A lei é simples: E Jesus disse-lhe:“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”. (Mt 22,37-40). Segundo os dizeres do Mestre, quem segue a Lei de Deus não sacrifica, logo, não mata. Portanto, o maior sacrifício é educar nossas más tendências, que é a causa dos pecados e só deixarão de existir com a nossa reforma interior.